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Praticagem e Marinha aumentam limite de carga para embarcações no Rio Amazonas

Novo sistema de calado dinâmico pode aumentar arrecadação e atrair novos empregos.

A Cooperativa de Apoio e Logística aos Práticos da Zona de Praticagem 1 (Unipilot) e o Comando do 4º Distrito Naval assinaram nesta terça-feira (8) um protocolo para implantar um sistema de calado dinâmico na barra norte do Rio Amazonas. “Calado” é a designação dada à profundidade a que se encontra o ponto mais baixo da quilha de uma embarcação, em relação à linha d’água.

O novo protocolo pode aumentar a arrecadação de impostos com o transporte na região e gerar novos empregos nos estados do Pará, Amapá e Amazonas.

O sistema integrado de coleta e processamento de dados calcula o quanto um navio pode aumentar o seu volume submerso, sem risco de encalhar. Esse dado é fundamental para ampliar o carregamento das embarcações. De acordo com o 4º Distrito Naval, a barra norte é um trecho de 24 milhas, raso e com lama na foz do Rio Amazonas.

A Marinha informou que, até o fim de fevereiro, será fundeada a primeira de três boias meteoceanográficas – equipamentos com sensores que vão fornecer dados precisos sobre correntes, altura de maré e densidade da água. Com essas informações, será possível calcular se o volume submerso das embarcações pode ser aumentado com segurança.

Mais eficiência
A expectativa com o novo protocolo é aumentar o calado das embarcações dos 11,9 metros (patamar autorizado em fase de testes) para 12,5 metros em certas janelas de maré. Essa diferença significa um ganho de dez mil toneladas por navio Panamax (perfil de navios que, devido às suas dimensões, alcançaram o tamanho limite para passar nas eclusas do Canal do Panamá), e esse aumento beneficiará toda a área de abrangência comercial dos portos da Bacia Amazônica.

Por causa da grande movimentação dos bancos de areia sob as águas da Amazônia, a Marinha também planeja aumentar a sondagem regular das profundidades dos rios da região (realizada há mais de dez anos), especialmente no Canal Grande do Curuá – que fica a 70 milhas da barra norte. Esses bancos de areia alteram os canais de navegação frequentemente. Os investimentos até o momento em batimetria e estudo das marés contribuíram para a Marinha aumentar o calado de 11,5 metros, em 2017, para os 11,9 metros atuais (ganho de mais de US$ 1 milhão de carga por navio).

“O desenho hidrodinâmico dos equipamentos foi adaptado para a realidade do maior estuário amazônico, para evitar que saiam da posição. A iniciativa conta com o apoio técnico da Argonáutica – empresa que nasceu na USP (Universidade de São Paulo) e desenvolveu o calado dinâmico no Porto de Santos – e do Laboratório de Dinâmica de Sedimentos Coesivos da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Todas as informações coletadas pelas boias serão compartilhadas via satélite com a Marinha, responsável por autorizar o calado máximo na região”, detalhou a assessoria de comunicação do Comando do 4º Distrito Naval.

A Marinha informou que o projeto vai fomentar as exportações pelo Arco Norte do Brasil, estimular o agronegócio e favorecer o Governo Federal com o aumento da arrecadação de impostos por embarcação – além de atrair novos terminais portuários, indústrias e empregos.

O presidente da Unipilot, Adonis dos Santos, destaca que o sistema de boias vai oferecer mais previsibilidade para o carregamento das embarcações e é a base para implementação do sistema de calado dinâmico. “É mais uma contribuição da praticagem para a segurança do tráfego aquaviário e a eficiência das operações portuárias”, afirmou.

Escoamento pelo Arco Norte
Cerca de 1.300 embarcações trafegam por ano na Amazônia – quase metade delas com carga do agronegócio. Por isso, a progressão do calado é importante para acelerar o escoamento da produção crescente. O Mato Grosso, principal produtor, responde por 72 milhões de toneladas de grãos e a estimativa é alcançar 120 milhões em 2030. Segundo o Movimento Pró-Logística do estado, cerca de 60 milhões de toneladas serão exportadas pelo Arco Norte até 2040.

Em nota, a Companhia Docas do Pará (CDP) celebrou a implementação do sistema de calado dinâmico na barra norte do rio Amazonas. “Isso permitirá que navios de maior porte e com maior capacidade de carregamento atraquem no Porto de Santarém, o que otimizará a disponibilidade dos berços de atracação, com a redução dos preços de frete. Consequentemente, este novo procedimento contribuirá para gerar mais atratividade para o escoamento de grãos de origem vegetal, entre outras cargas que possam surgir, pelos portos do Arco Amazônico”.

Tecnologia, conhecimento e investimento são essenciais para o desenvolvimento da logística brasileira. O novo sistema de calado dinâmico vai aumentar ainda mais o escoamento da produção de commodities brasileira, e a Frenlogi e o Instituto Brasil Logística apoiam o projeto.

E para melhorar ainda mais a matriz de transportes brasileira, o Governo Federal deve investir pesado na infraestrutura do país. Melhorar a capacidade dos portos, modernizar rodovias e diminuir burocracias para quem produz e transporta são objetivos da Frenlogi.


Fonte: Portal O Liberal.

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