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Indústrias e grandes consumidores de energia elétrica traçam plano para diminuir demanda

A ideia surgiu após reunião com representantes do Ministério de Minas e Energia.

Para evitar a piora do nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas e reduzir possíveis problemas de abastecimento nos próximos meses, os grandes consumidores de energia elétrica do Brasil criaram um programa de racionalização para evitar o colapso do sistema. A ideia surgiu após reunião de empresários com o Ministério de Minas e Energia para apresentar o cenário atual e pedir ajuda aos executivos do setor. O encontro aconteceu durante o feriado de Corpus Christi.

Depois da experiência do racionamento de 2001 – que afetou o Produto Interno Bruto (PIB) do País e interrompeu as atividades de várias empresas –, o setor produtivo não quer ser surpreendido com cortes obrigatórios. O plano que está sendo traçado prevê medidas para aliviar o sistema nos horários de pico, normalmente entre 18h e 21h. A preocupação maior hoje é com aumento de apagões nesses períodos, quando a carga sobe e pressiona o sistema elétrico.

Uma das propostas em estudo é o deslocamento da produção de indústrias e grandes empresas para outros períodos, fora dessa faixa. Outra medida seria o acionamento de geradores a diesel no horário de pico para desafogar o sistema. Desde o racionamento de 2001, muitas empresas adquiriram esses equipamentos para evitar apagões e interrupções na produção. Para as empresas que podem migrar de eletricidade para o gás, uma alternativa seria usar caldeiras a gás em vez de elétricas.

O presidente da Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Paulo Pedrosa – que participou da reunião com o Ministério –, explica que a adoção das medidas é voluntária e exige, muitas vezes, soluções específicas para cada empresa. Algumas companhias têm produção constante e a interrupção poderia provocar prejuízos milionários, diz o executivo. Outras podem até deslocar produção entre fábricas localizadas em regiões diferentes para evitar perdas e paralizações.

“Estamos conversando com os associados e vendo o que dá para fazer de forma simplificada. Esse é um trabalho que tem de ser feito por empresa.” O objetivo, diz Pedrosa, é evitar que térmicas de R$ 1,5 mil o megawatt/hora (MWh) sejam despachadas, elevando o custo de todo o sistema. Hoje, ao contrário de 2001, há recursos que podem ser adotados previamente para evitar problemas maiores, explica o executivo.

Na conversa inicial com o MME, a ideia era começar a adotar essas medidas a partir de julho ou agosto. O presidente da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape), Mário Menel, que também participou da reunião e acompanha a elaboração de um programa de racionalização, afirma que o marco regulatório já permite a adoção desses instrumentos, mas é preciso detalhar alguns pontos.

“As medidas serão necessárias por quanto tempo? Como será comprovado que uma empresa reduziu o consumo em determinado horário? Como seria a compensação na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE)?”, questiona Menel. Ele diz que já houve uma experiência no Nordeste, mas que, na ocasião, foi prejudicada pela inadimplência na CCEE.

A Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) também iniciou trabalho com propostas de racionalização para apresentar ao governo. Segundo o presidente Venilton Tadini, o sistema elétrico hoje, mais diversificado, permite o uso de vários dispositivos para amenizar os efeitos da crise, decorrente da pior crise hidrológica dos últimos 91 anos.

É preciso coordenação e ações planejadas para enfrentar a provável crise energética que se avizinha. A Frenlogi trabalha no Congresso Nacional e junto ao Governo Federal para evitar racionamentos, apagões e restrições no fornecimento de energia elétrica de qualquer forma. Entretanto, é preciso se precaver e traçar planos de contingência para que as atividades econômicas não sejam impactadas.

A Frente avalia como muito positiva a busca por soluções proposta por representantes do Ministério de Minas e Energia e empresários do setor produtivo. O momento exige um esforço conjunto do Governo Federal e da iniciativa privada. Entretanto, a participação do consumidor residencial também é muito importante. Tomar banhos mais curtos, reduzir o uso de equipamentos que consumem muita energia elétrica (como ferros de passar roupa e aparelhos de ar-condicionado) e priorizar a iluminação natural são medidas simples que ajudam a reduzir a pressão no sistema elétrico do Brasil.

Fonte: IstoÉ Dinheiro

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