Skip to content Skip to main navigation Skip to footer

Para facilitar logística do agronegócio, Rumo firma contrato para construir ferrovia de 730 km em Mato Grosso

Projeto deverá demandar até R$ 11 bilhões de investimento, com a previsão de iniciar a primeira etapa da operação em 2025.

A empresa de logística Rumo e o governo do Mato Grosso firmaram nesta segunda-feira (20) o contrato para a construção de uma nova ferrovia no estado. A Ferrovia Autorizada de Transporte Olacyr de Moraes (Fato) – uma homenagem ao empresário do agronegócio que construiu a Ferronorte, depois rebatizada como Malha Norte pela companhia – terá 730 km e será uma extensão do atual corredor operado pela Rumo, que hoje vai do Porto de Santos (SP) até o município de Rondonópolis (MT).

Serão construídos dois novos ramais: um até Cuiabá e outro até Lucas do Rio Verde, ao norte de Mato Grosso, onde se concentra a carga agrícola da região. “A ferrovia será fundamental para a ampliação e a competitividade do agronegócio. Além disso, será um corredor para a indústria. Vamos conectar o Mato Grosso aos principais centros de consumo do Sudeste”, afirmou o governador, Mauro Mendes.

O projeto executivo da ferrovia está em fase de conclusão e as licenças ambientais do projeto devem sair até março do ano que vem. A expectativa é que a obra comece entre o fim de 2022 e início de 2023.

Segundo o presidente da Rumo, Beto Abreu, serão investidos entre R$ 9 bilhões e R$ 11 bilhões na construção da ferrovia. A conclusão das obras deve acontecer entre 2028 e 2030, mas o início da operação deverá vir em etapas – a primeira delas deve começar em 2025, com a inauguração de um ou dois terminais, a cerca de 200 km ao norte de Rondonópolis.

O projeto é visto como pioneiro em pelo menos três aspectos: é uma ferrovia estadual (e não federal); será construída no regime de autorização (ao invés de concessão) e o empreendimento será totalmente privado (a empresa investe e opera por conta própria, sem compartilhar riscos ou obter aportes do poder público). O Estado terá o papel de fiscalizar obras e normas de segurança – no caso da Fato, essa regulação será feita pela Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Mato Grosso (Ager).

A Rumo já pretendia estender a Malha Norte no Mato Grosso há anos. A empresa negociou com o Governo Federal para incluir a obra em sua concessão, que é federal, mas algumas divergências travaram o plano. Em julho, o governo de Mato Grosso anunciou o chamamento público do projeto, que será feito independentemente da União. O Estado já vinha se preparando para isso desde 2020, e por essa razão aprovou e regulamentou uma legislação própria que viabiliza ferrovias locais por meio do regime de autorização.

Analistas do setor ferroviário manifestaram dúvidas e preocupações sobre a segurança jurídica do modelo quando o projeto estadual foi anunciado. Após sofrer pressões de outras Unidades da Federação, a União também investiu em uma legislação federal para a construção de ferrovias por meio de autorização.

O presidente da Rumo afirma que já não há mais perspectiva de migrar o projeto para o âmbito federal, mas vê a iniciativa do Governo Federal como um avanço. Questionado sobre a possibilidade de obter mais segurança jurídica por meio de um projeto federal, em vez do estadual, Beto Abreu diz que não vê diferença e que a nova ferrovia trará benefícios para todo o país.

“Você tem uma lei estadual super clara, regulamentada. Foi uma oportunidade. A ferrovia está toda dentro do Estado e [a legislação] estava mais avançada. Mas este é um projeto do Brasil”, afirma.

Mesmo com outros projetos ferroviários previstos em Mato Grosso, o executivo da Rumo diz que está confiante em relação ao risco de demanda. “A expectativa é que a oferta siga crescendo. Vai ter muito volume. O grupo desenhou os mais diversos cenários e nenhum deles nos desmotiva.”

Além do corredor da Rumo, será construída na região a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico). As obras do trecho entre Água Boa (MT) e Mara Rosa (GO) serão conduzidas pela Vale – como uma contrapartida pela renovação antecipada de outro contrato da empresa. Depois, a via será leiloada. A VLI também já pediu autorização à União para construir um ramal privado entre Água Boa e Lucas do Rio Verde. Além disso, o Governo Federal também tenta viabilizar a Ferrogrão, entre Sinop (MT) e Miritituba (PA), que vai facilitar o escoamento do agronegócio para os portos do Arco Norte.

O empreendimento vai demandar investimentos bilionários, e a Rumo planeja usar sua estrutura de capital atual sem ultrapassar seus limites de alavancagem – que são de cerca de 2,6 vezes a dívida líquida pelo Ebitda. “Os investimentos serão feitos ao longo dos anos. Nossa estrutura de capital atual e a expectativa de geração de caixa permitem absorver esse projeto”, diz o presidente da transportadora.

À medida que os terminais forem inaugurados, já haverá geração de receita. Além disso, nem todo o investimento será bancado pela Rumo – que planeja encontrar sócios na construção dos terminais, assim como já é feito em outras ferrovias do grupo.

A Frenlogi acredita no gigantesco potencial ferroviário do Brasil para acelerar a retomada econômica. O agronegócio brasileiro já é referência mundial em sustentabilidade e produtividade; agora, é preciso facilitar o escoamento da produção para que nossos produtos cheguem rapidamente aos grandes mercados consumidores.

Facilitar a construção de novas ferrovias e garantir mais recursos públicos para a infraestrutura são as missões que movem a Frenlogi. Para fazer isso acontecer, a Frente atua no Congresso Nacional, junto ao Governo Federal e às grandes instituições representantes do setor de transporte para aprovar legislações modernas e incrementar cada vez mais o orçamento da infraestrutura.


Fonte: Valor Econômico.

Back to top