Skip to content Skip to main navigation Skip to footer

Para combater custos da conta de luz, instalações de energia solar crescem 63% em 2021

Aneel aponta que existem hoje mais de 494 mil consumidores nessa modalidade no país.

A alta na tarifa de energia elétrica e a instabilidade energética criada pela atual crise hídrica ajudaram a crescer a busca pela instalação de energia solar. Um levantamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) revelou que foram realizadas 125.880 conexões ao sistema por radiação solar em residências do Brasil entre 1° de janeiro e 5 de novembro do ano passado. Já no mesmo período de 2021, o número saltou para 205.225 novas instalações – um crescimento de 63%.

Atualmente, existem mais 494 mil consumidores da modalidade pelo país. A escassez de chuvas, que afeta diretamente as usinas hidrelétricas (principal fonte energética no país), foi a principal responsável pelos recentes reajustes na conta de luz.

O perfil dos usuários desse sistema mudou. Antes, era considerada como uma ferramenta para reduzir custos em grandes estabelecimentos comerciais ou construções maiores; agora, a energia solar pode ser encontrada em imóveis residenciais de todos os tamanhos. O kit para instalação pode ser comprado em lojas e magazines comuns, com preços que variam entre R$ 1.000 e R$ 15 mil, a depender do modelo.

Ronaldo Vieira, responsável pelo departamento de expansão da Kinsol, afirma que a empresa registrou um aumento de 70% nas procuras devido ao aumento nas contas de luz. O executivo explica que os equipamentos são de longa durabilidade e com garantia de eficiência energética por 25 anos.

“Energia elétrica sustentável, obtida por meio de um recurso natural infinito, que é o sol. Equipamentos de longa durabilidade. Após a instalação, o cliente fica imune aos reajustes das concessionárias”, pontua.

Na opinião de Roberto Valer, que é especialista em energia solar e possui doutorado em energia pela Universidade de São Paulo (USP), o produto é uma solução importante para diversificar a matriz energética e dar mais segurança ao setor. “É uma energia modular, com flexibilidade para se instalar tanto um sistema pequeno na casa de uma família de baixa renda quanto em uma grande indústria”, disse.

Do ponto de vista financeiro, instalar um sistema de energia solar pode ser muito lucrativo. O engenheiro elétrico Júlio Gonzalez instalou o equipamento na residência em que mora com a esposa e dois filhos. O engenheiro é morador Cidade Ademar (zona sul da capital paulista), e prevê ter uma redução de até 95% na conta de luz – que girava entre R$ 500 e R$ 600.

Gonzales afirmou ter investido R$ 23 mil em todo processo de instalação e faz as contas para recuperar o dinheiro. “Esse dinheiro parado na caderneta de poupança me daria R$ 70 mensalmente. Numa renda fixa, no máximo de R$ 120 a R$ 150. Por isso, os R$ 23 mil estão rendendo R$ 500 por mês, quando deixo de pagar 90% ou 95% da minha conta de luz”, contabiliza.

O empresário Bruno Gatti já comemora a redução nas contas da casa de seus pais, em Indaiatuba (99 km de SP). “Fizemos a instalação no fim de maio. A conta ficava entre R$ 280 e R$ 320. Agora, as últimas três foram de R$ 50, R$ 60 e R$ 75 [respectivamente]”, afirmou. A conta só não ficou abaixo dos R$ 50 em virtude de bandeiras tarifárias que aumentaram a energia elétrica. “Com essa economia de R$ 200 mensais, o sistema vai se pagar em 70 meses, porque o investimento ficou em R$ 14 mil”, estimou.

Empresas se adequam
Assim como tem aumentado a procura de clientes interessados em adquirir os produtos com o melhor custo-benefício, as empresas também correm para se adequar aos pedidos. Pedro Pintão, sócio da Neosolar, notou um aumento na procura pelo sistema desde o início da pandemia; entretanto, a busca se intensificou em 2021.

“Acreditamos que os principais fatores para esse crescimento acelerado seja o aumento no preço de energia, risco de apagão e procura das famílias por uma fonte sustentável e mais econômica. Diversos fatores tornam a energia solar uma solução muito vantajosa”, defendeu.

O comerciante explica que, para uma família com quatro pessoas que consome, em média, 400 kWh por mês, são usados seis painéis de 550 Wp – com um custo aproximado de R$ 16 mil (já incluso o custo de instalação). Já uma família com as mesmas quatro pessoas, mas com um alto consumo (cerca de 1500 kWh), necessita 23 painéis de 550 Wp sob um custo de R$ 57 mil.

A manutenção de um sistema de energia solar geralmente é simples e barata: basicamente, é necessário limpar as placas solares com água e uma esponja macia a cada três ou quatro meses (com cuidado para não causar riscos e diminuir a eficiência do painel).

Para dias nublados ou de chuva, o empresário explica que – nos casos dos sistemas que não utilizam bateria de armazenamento – a energia solar se junta à da rede elétrica, o que garante fornecimento de energia 24 horas por dia, de uma fonte ou de outra. O mesmo funcionamento ocorre durante a noite.

Por outro lado, quando a residência produz mais energia do que necessita, esse excedente é despejado na rede elétrica e pode ser consumido pela vizinhança. Também existem equipamentos com baterias capazes de armazenar energia solar para utilização em momentos sem sol.

A Frenlogi trabalha para incentivar e desburocratizar o uso das energias sustentáveis no Brasil – bem como diminuir os custos de instalação dessas fontes. A Frente acredita que esse é o caminho para o país superar a crise energética e diminuir os impactos ambientais no planeta.

O Brasil necessita de um poderoso fornecimento de energia para consolidar a retomada da economia após a pandemia de covid-19. Um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgado nesta segunda-feira (8) apontou que o custo da eletricidade é um dos principais entraves enfrentados pelo setor atualmente.

Por isso, é essencial que o Parlamento e o Poder Executivo criem formas de popularizar as fontes alternativas de energia elétrica. A Câmara dos Deputados aprovou em agosto o projeto que cria o Marco Legal da Geração Distribuída – com regras novas para os usuários que produzem sua própria eletricidade. Investir nessa tecnologia é um dos caminhos para criar empregos, gerar renda e proteger o planeta.


Fonte: Valor Econômico

Back to top