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Ministério da Infraestrutura faz roadshow em Nova York para buscar R$ 260 bi em investimentos

Questão ambiental e risco institucional são possíveis entraves para atrair investidor estrangeiro na área de transportes e logística.

O Ministério da Infraestrutura prepara um roadshow em Nova York para apresentar uma carteira de projetos na área de transportes e logística a investidores de private equity e fundos financeiros. O evento vai ocorrer nessa semana, e o Governo Federal espera atrair até R$ 260 bilhões em investimentos.

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, afirma que o Brasil não chegará aos Estados Unidos com uma promessa de grandes concessões, mas com um portfólio consolidado de leilões já feitos. “Enquanto países emergentes como Índia, México e Peru interromperam seus projetos durante a pandemia, nós decidimos manter o cronograma, fazer os ajustes necessários e pisar no acelerador. Hoje, quem quer investir em infraestrutura no mundo está tendo que olhar para o Brasil”, explicou. Atualmente, o Brasil é o único país do mundo a vender aeroportos.

Segundo Igino Zucchi, responsável pela área de Infraestrutura da Integral Investimentos, o país tem hoje a maior carteira de concessão em infraestrutura e o roadshow em Nova York vai dar visibilidade internacional aos projetos. “Não tem país no mundo que tenha metade do que temos aqui”, avaliou o profissional.

Já foram leiloados 74 ativos em transportes e logística desde 2019, contabilizou a secretária de Fomento, Planejamento e Parcerias, Natália Marcassa de Souza. “Mas itens importantes da carteira vão entrar agora”, lembrou. Serão leiloados até 2022 o Porto de Santos (SP), considerado o maior da América Latina; os aeroportos de Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ), que integram a quarta rota aérea mais movimentada do mundo; e dois terminais de combustíveis no porto de Santos, STS 08 e STS 08A, que formam a maior oferta do tipo nos últimos 20 anos.

Em novembro, a mesma carteira será apresentada na Europa para atrair investimentos de operadores. No mesmo mês, os projetos serão oferecidos a fundos soberanos que participarão do dia do Brasil na Expo Dubai.

Outros leilões de peso também vão ocorrer paralelamente aos roadshows. No dia 29 de outubro, será oferecida ao mercado a concessão da Nova Rodovia Presidente Dutra. Já no dia 5 de novembro, serão leiloados sete arrendamentos em diversos portos do país. No dia 19, os dois terminais de combustíveis em Santos e no dia 25 de novembro, o Ministério da Infraestrutura vai ofertar trechos das BR 381 e 262 em Minas Gerais e no Espírito Santo. O conjunto de leilões de peso é chamado informalmente pelo ministério de “Infra Month”.

Segundo Natália Marcassa, o tamanho da carteira de investimentos e a rentabilidade são trunfos para atrair interessados estrangeiros. A secretária afirma que os aeroportos concedidos no Brasil dão retorno real de 8% ao ano; já o tipo de investimento mais arriscado, o de ferrovias, oferece 11% ao ano.

Por outro lado, o problema mais citado pelos investidores estrangeiros é o ambiental. “Estamos com o filme totalmente queimado na área ambiental e isso incomoda os investidores”, afirmou o sócio da consultoria Inter.B Cláudio Frischtak. Para ele, o Brasil precisa mostrar resultados concretos no controle do desmatamento da Amazônia para reverter um quadro de “credibilidade zero” do país na área ambiental.

O Governo afirma que todos os projetos da carteira de logística e transportes seguem patrões internacionais de cuidado ambiental, com foco na neutralidade da emissão de carbono e no respeito a critérios socioambientais.

Cláudio Frischtak, que é interlocutor frequente de potenciais investidores internacionais, avalia que a questão ambiental e as recentes crises institucionais entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário prejudicam a entrada de recursos estrangeiros no Brasil. O dólar caro faz com que bons retornos em real proporcionados pelos investimentos em infraestrutura se convertam em ganhos “medíocres, quando não negativos”.

As incertezas no campo macroeconômico, como o futuro da reforma tributária, também criam uma camada de resistência dos investidores ao Brasil. Dessa forma, Frischtak diz que há os que preferem esperar um quadro mais claro antes de decidir sobre investimentos no Brasil. Isso joga contra um conjunto de fundamentos que, em outro contexto, seriam muito atraentes ao capital externo: a grande extensão territorial, o tamanho da população e o atraso em investimentos em infraestrutura nas últimas décadas.

Buscar investimentos privados para desenvolver a economia brasileira nesse momento é vital. Apesar dos esforços da Frenlogi para ajudar o país a se capitalizar e a destinar mais recursos públicos para a infraestrutura e a logística, o Brasil necessita de dinheiro novo. E para isso acontecer, é necessário ofertar boas opções de investimento, segurança jurídica e agilidade na resolução de processos burocráticos.

A Frente vai acompanhar com atenção as negociações e ofertas de investimentos estrangeiros nos modais de transporte do Brasil, e está preparada para auxiliar entidades privadas e o Governo Federal na elaboração de editais e planos de desenvolvimento da infraestrutura.


Fonte: Valor Econômico.

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