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Leilões de rodovias, ferrovias e terminais portuários em abril geraram R$ 48 bi em investimento

Evolução do ambiente regulatório foi decisivo para o sucesso dos certames, apontam especialistas. Novos projetos em abril consagram operadores locais, mas trazem capital novo.

A melhora do ambiente regulatório do Brasil foi um dos fatores de sucesso da série de leilões de infraestrutura de abril. No total, os certames geraram um total de R$ 48 bilhões de novos investimentos, que serão aplicados ao longo dos próximos 35 anos. Em seis dias de disputa na B3, 14 novos contratos de concessão foram gerados.

Além do saldo positivo das concorrências, os novos projetos consagraram grandes operadores que já atuam no Brasil — uma tendência que deverá se manter para os próximos leilões.

Para alguns executivos e analistas, chama a atenção a ausência de novos atores estrangeiros. Já outros observam que, mesmo sem a entrada de operadores nas últimas disputas, há uma proliferação de investidores interessados na infraestrutura brasileira, que têm usado as companhias consolidadas como veículo.

“O capital estrangeiro já entrou massivamente nesses leilões por meio dos operadores nacionais. Faz sentido, porque são eles que conhecem a operação e os riscos do Brasil”, afirma Antonio Carlos Sepúlveda, presidente da operadora portuária Santos Brasil, que arrematou três terminais de combustíveis no Porto de Itaqui (MA), no início de abril.

A visão é compartilhada por Venilton Tadini, presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib). “Os novos investidores já estão aqui. O Brasil tem diversos bons operadores, não será este o gargalo para os projetos”, avalia.

Diante do enorme déficit de infraestrutura logística e de saneamento no país, a entrada de grupos será importante. No setor, é consenso que o ambiente regulatório no Brasil evoluiu nos últimos anos, o que se refletiu no sucesso nos leilões — para o investidor, a boa regulação significa segurança quanto às regras e a certeza de que o que está escrito no contrato será seguido.

Ainda assim, há casos emblemáticos que ainda assustam, como a tentativa de encampação da Linha Amarela, da Invepar, no Rio de Janeiro, e as já clássicas liminares judiciais às vésperas dos leilões — como ficou evidente no caso da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae).

A projeção para os próximos leilões é que grupos locais continuarão se destacando — por seu acesso ao mercado de capitais, pela maior facilidade de dimensionar riscos e precificar ativos e pela necessidade de garantir a geração de caixa no longo prazo.

No caso da CCR e da Ecorodovias, por exemplo, a renovação de portfólio é vista como um fator influente na estratégia das empresas, já que ambas têm concessões importantes chegando ao fim.

A Santos Brasil também deixa claro o interesse em continuar participando dos leilões, para diversificar sua operação. “O país vive uma janela de oportunidades que não se abre sempre. Vamos aproveitar”, diz Sepúlveda.

Em saneamento, todos os operadores também vêm destacando o plano de expansão. Por exemplo, a Iguá, que com o novo contrato da Cedae irá dobrar de porte, já planeja crescer três ou quatro vezes com outros projetos, segundo o presidente, Carlos Brandão.

Há uma grande expectativa pela série de oportunidades de concessões que virão nos próximos meses, em diferentes setores. Em rodovias, há uma carteira enorme de leilões grandes, como a licitação da Dutra e os mais de 3.000 km de estradas no Paraná. Em aeroportos, resta a sétima rodada de concessões, que inclui as principais operadoras do setor no Brasil: Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ). Em ferrovias, o Governo Federal corre para tirar do papel a Ferrogrão. Em portos, há uma série de novos arrendamentos à vista.

Além disso, há o setor de saneamento, que deverá receber grandes investimentos em novos projetos nos próximos anos, na esteira das mudanças promovidas pelo novo marco regulatório. “Veremos muitos novos atores nesse segmento, porque há uma enorme demanda e muito interesse, tanto de grupos financeiros, quanto de companhias de outros setores”, afirma Fernando Vernalha, do Vernalha Pereira Advogados.

Apesar de exaltar a importância desta onda de investimentos, fruto das concessões, Tadini, da Abdib, também coloca em perspectiva o fato de que os valores serão aplicados ao longo de até 35 anos, e que o nível do investimento público em infraestrutura, que vem sofrendo sucessivos cortes, segue em patamar dramático.

A Frenlogi trabalha diretamente no Congresso Nacional e junto ao Governo Federal para levar mais investimentos à infraestrutura brasileira. Apesar da enorme demanda por modernizações em diversos setores, a falta de textos regulatórios modernos afastou investidores e impediu o aporte de recursos privados na última década.

Com a abertura dos mercados após a publicação de regulações modernas – como os novos marcos legais do Gás Natural e do Saneamento Básico, por exemplo –, o Brasil se torna cada vez mais seguro e atrativo para quem quer investir no país – sejam eles brasileiros ou estrangeiros.

Por causa da grave crise econômica que o Brasil enfrenta nos últimos anos, os investimentos públicos em obras de infraestrutura diminuíram drasticamente. Para reverter esse quadro, as concessões e parcerias público-privadas surgem como opções mais viáveis e rápidas para desenvolver a capacidade produtiva, industrial, de transporte e logística nacional.

Fonte: Valor Econômico

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