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Abear: querosene de aviação sobe 91,7% e compromete retomada do setor aéreo

Segundo a associação, o preço nas alturas reflete os sucessivos recordes de cotação do dólar em relação ao real em 2021.

A retomada das atividades no setor aéreo brasileiro está sob ameaça. O preço do querosene de aviação (QAV), um dos principais componentes dos custos das empresas aéreas, teve alta de 91,7% no segundo trimestre de 2021 em relação ao mesmo período do ano passado. As informações foram compiladas e divulgadas nesta quinta-feira (14) pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). Os dados são da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Em comunicado, a Abear afirmou que os sucessivos recordes de cotação do dólar em relação ao real neste ano preocupam o setor aéreo. O querosene de aviação é apontado como o item de maior ineficiência econômica para as companhias aéreas brasileiras, aliado à escalada da cotação do dólar em relação ao real — 51% dos custos do setor são indexados pela moeda norte-americana.

Essas duas variáveis sustentam os altos preços das passagens aéreas — embora o preço médio esteja inferior ao registrado em 2019 por causa da menor demanda atual. Entretanto, a associação avalia que o preço do combustível e o valor do dólar podem ameaçar uma retomada mais consistente da aviação comercial brasileira.

O mais recente estudo da Anac apontou que a tarifa média aérea doméstica real do segundo trimestre de 2021 registrou queda de 19,98% em comparação com o mesmo trimestre de 2019 (antes do Brasil sentir os impactos provocados pela pandemia de covid-19). O preço médio do bilhete em 2021 foi de R$ 388,95, ante R$ 486,10. No ano passado, a tarifa aérea doméstica ficou em torno de R$ 376,29 – o menor preço nos últimos 20 anos.

Com relação à querosene de aviação, o mais recente levantamento da Abear demonstra que, no primeiro semestre de 2021, o preço médio do combustível na bomba no Brasil foi 24,6% superior do que nos Estados Unidos. O fato do Brasil ser o único país do mundo que tem um tributo regional sobre o combustível (o ICMS) contribuiu para essa distorção, concluiu a associação.

“É por isso que uma viagem internacional muitas vezes é mais barata do que um voo doméstico, considerando-se distâncias similares. Um dos pilares da Abear é o alinhamento das regras brasileiras às melhores práticas internacionais, para que haja condições de igualdade na competição global”, cravou o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz, em nota.

A Frenlogi trabalha no Congresso Nacional para desburocratizar o setor de transportes do Brasil e aprovar legislações mais modernas. Na quarta-feira (13), a Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que muda a fórmula de cálculo do ICMS cobrado sobre combustíveis como a gasolina, o etanol e o diesel. Porém, apenas uma alteração legislativa não sustentará menos preços a longo prazo.

O Governo Federal, os estados e municípios devem rever suas políticas de gastos para evitar desperdícios e reduzir a pressão tributária sobre o contribuinte. Controlar o preço do dólar é fundamental para diminuir diversos custos no país, e a Frente trabalha ao lado do Governo e do empresariado para encontrar soluções duradouras ao país.


Fonte: Valor Econômico

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