Skip to content Skip to main navigation Skip to footer

Custo do frete dispara pelo mundo devido à escassez de contêineres para transporte marítimo

Em todo o planeta, o contágio por covid-19 prejudicou o comércio em um grau extraordinário, elevando o custo de frete das mercadorias e adicionando um novo desafio à recuperação da economia global. O vírus causou confusão na coreografia das cargas enviadas de um continente a outro. No centro da tempestade está o frete de contêineres, a força-motriz da globalização.

Os americanos confinados em suas casas provocaram uma elevação nos pedidos às fábricas da China, e muitas dessas mercadorias são transportadas pelo Pacífico em contêineres. Enquanto os lares americanos encheram os quartos com móveis de escritório e os porões com esteiras ergométricas, a demanda por frete superou a disponibilidade de contêineres na Ásia, provocando uma escassez no continente no mesmo momento em que os compartimentos se acumulam em portos americanos.

Contêineres que levaram milhões de máscaras a países da África e da América do Sul no início da pandemia continuam por lá, vazios e abandonados, porque as empresas transportadoras de cargas concentraram suas embarcações nas rotas mais populares – que ligam a América do Norte e a Europa à Ásia.

E, nos portos que recebem os navios, repletos de mercadorias para descarregar, as embarcações ficam frequentemente encalhadas por dias, em engarrafamentos de trânsito marítimo. A pandemia limitou a disponibilidade de trabalhadores de docas e caminhoneiros, causando atrasos nos transportes de cargas que são sentidos do sul da Califórnia até Cingapura. Todo contêiner que não pode ser descarregado em um local é um contêiner que não poderá ser carregado em outro lugar.

“Eu nunca vi nada assim”, afirmou Lars Mikael Jensen, diretor para Integração Oceânica Global da A.P. Moller-Maersk, a maior transportadora de cargas do mundo. “Todos os eixos da cadeia de abastecimento estão sobrecarregados. Os navios, os caminhões, os armazéns.”

Economias de todo o mundo estão sofrendo com as oscilações causadas pelas perturbações nos mares. Esse caos ocasionou uma bonança entre empresas de transporte de cargas como a Maersk, que, em fevereiro, citou um crescimento recorde nos preços do frete ao informar um ganho de mais de US$ 2,7 bilhões no faturamento não tributado nos últimos três meses de 2020.

Ninguém sabe por quanto tempo esse transtorno durará, ainda que alguns especialistas estimem que os contêineres continuarão escassos até o fim do ano, enquanto as fábricas que os produzem – quase todas na China – se apressam para acompanhar a demanda.

Mais de uma década atrás, durante a crise financeira global, empresas de frete foram devastadas. Enquanto um misterioso vírus emergia da China, no ano passado, fazendo com que o governo do país fechasse fábricas para evitar sua disseminação, a indústria de frete se preparou para uma reprise. Transportadoras cortaram serviços, paralisando muitas embarcações.

Em meio à crise, porém, aumentaram as encomendas de equipamentos de proteção como máscaras cirúrgicas e aventais usados pelas equipes médicas na linha de frente, produtos fabricados em grande parte na China. As fábricas chinesas aumentaram a produção, e navios de contêineres carregaram seus produtos a destinações em todo o planeta.

A pressão aumentou quando os americanos reformularam sua maneira de gastar. Privados de suas viagens de férias e refeições em restaurantes, eles passaram a comprar mais consoles de videogame e batedeiras de massas – e a reformar suas casas para o trabalho remoto e o ensino à distância.

Analisado de maneira ampla, o volume de comércio global teve queda de somente 1% em 2020 em comparação com o ano anterior. Mas esse número não reflete a maneira como o período se desdobrou – com uma queda de mais de 12% entre abril e maio seguida de uma retomada igualmente dramática. O sistema não conseguiu se ajustar, contêineres foram enviados a lugares errados, e os preços do frete alcançaram altas estratosféricas.

Empresas que pagavam US$ 2,5 mil em outubro para enviar um contêiner de 12 metros da Ásia até a Califórnia precisam desembolsar US$ 67 mil hoje. “Estamos potencialmente diante de um longo período de escassez”, afirma Michael Brown, analista de contêineres da KBW, em Nova York.

A Frenlogi trabalha para aprovar legislações que estimulem o tráfego de cargas no Brasil, aumentem a disponibilidade de modais e reduzam custos para produtores, transportadores e consumidores. Projetos como o PL 4.199/20, conhecido como a BR do Mar, incentivam a prática da cabotagem – aquela realizada entre portos marítimos, sem perder a costa de vista – e beneficiam o setor ferroviário, logístico e de transporte pelos mares e rios.

Fonte: Estadão

Back to top